Ozzy Osbourne tinha razão ao falar que exótico hoje em dia é não ter tatuagem nenhuma. E não estamos falando das estrelinhas, que se popularizaram com Gisele Bündchen no começo da década (lembra?). Elas já eram. A onda agora são os desenhos grandes, que preenchem partes inteiras do corpo - barriga, costas e braços. 'Não há mais tanta discriminação, as pessoas deixaram de se reprimir', além disso, a tatuagem se assumiu como obra de arte.
É verdade que o preconceito diminuiu. Faz tempo que os desenhos na pele não são exclusividade de prisioneiros e estivadores. Apenas em algumas carreiras públicas ainda se torce o nariz para elas - mesmo que não haja restrições explícitas nos estatutos dos concursos, marcas no corpo podem causar desclassificação na hora do exame médico. Nesses casos, é possível recorrer na Justiça. No final de 2006, por considerar a discriminação 'inconstitucional e ilegal', o desembargador Almeida Melo, de Belo Horizonte, determinou que um candidato descartado da carreira militar por ser tatuado fosse admitido.
E o risco de arrependimento? Ele existe. Tanto que tatuadores, médicos e a indústria da tatuagem têm desenvolvido estratégias para minimizá-lo. A maior novidade nesse assunto é uma tinta criada pela companhia americana Freedom 2, considerada pela revista Time uma das melhores invenções de 2007. Sua composição, com materiais biodegradáveis envoltos em uma cápsula de plástico, facilita a remoção com laser - que pode ser feita em apenas uma sessão, segundo a promessa da empresa.
Apagar desenhos na pele - ao menos os feitos com tintas tradicionais - está longe de ser simples. Segundo o médico Luís Antônio Ribeiro Torezan, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e especialista em laser, a pele nunca volta ao normal: 'A cor e a textura mudam, e sempre sobram alguns pigmentos'. Na remoção, o laser explode os pigmentos em microfragmentos, que são em seguida absorvidos pelo organismo e descartados. O mais difícil de eliminar é o vermelho e os mais fáceis, o azul, o verde e o preto - desenhos complexos requerem até 18 sessões, com intervalos de pelo menos um mês entre elas. Só médicos especialistas em laser (cirurgiões plásticos e dermatologistas) são autorizados a realizá-las.

Quem tem a pele 'virgem' e pretende fazer uma tatuagem, digamos, inaugural, deve seguir três conselhos dos tatuados e tatuadores:
1. Visite o estúdio antes e cheque se os instrumentos são esterilizados.
2. Siga a regra básica que vale para quase tudo (até para as liquidações de verão) e não aja por impulso. Pense por um bom tempo no que quer fazer - e onde exatamente será.
3. Prefira desenhos personalizados. As modas passam. Se a tattoo estiver relacionada de alguma maneira a sua essência, é mais provável que você continue gostando dela. 'A tatuagem é a memória de um momento', diz Julia Petit, que tem dez espalhadas pelo corpo.
Os arrependimentos mais clássicos são aqueles ligados a relacionamentos que terminam. Há duas soluções possíveis: recorrer a um tratamento com laser para apagá-la ou clarear e fazer outra por cima.

Para a psicanalista Silvia Reisfeld, autora de um estudo sobre tatuagens, elas estão relacionadas, historicamente, à 'necessidade de processar vivências e experiências humanas, e dar-lhes alguma forma de expressão.' São, portanto, marcas de nossa história pessoal que escolhemos carregar - e mostrar.
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